30 de abril de 2008


Melhor Amigo – Ana Barreto

“Qual é o seu melhor amigo?”. Ao ouvir essa pergunta descobri que poucas vezes ouvira uma pergunta com tão difícil resposta. Na minha mente, como em cenas de muitos filmes, revi alguns dos tantos momentos que vivi com meus amigos. Quase podia ouvir o som dos risos e das boas gargalhadas, das vozes roucas alteradas pela euforia ou pelas lágrimas, a gritaria, a algazarra, a doce melodia das declarações de carinho. Lembrei-me dos rostos de todos eles, um por um. Reencontrei a doçura e a malícia gostosa de cada olhar, o jeito atento com que ouvem e a verdade que transmitem quando se fazem ouvir. Lembrei-me de cada beijo, cada abraço, cada afago, cada mão que tocou a minha e até mesmo do gesto corriqueiro de sentar juntinho. Lembrei-me de cada experiência trocada, das opiniões compartilhadas, das tantas confidências e de tanto lembrar-me e lembrar-me, descobri que não tenho um “melhor amigo”. Percebi que cada um dos meus amigos é “o melhor”. É o melhor porque me ama do jeito que sabe e com toda a intensidade que consegue, é o melhor porque me abraça com carinho e olha-me com ternura como se não nos víssemos a 20 anos, embora só dois dias nos separem da ultima vez que repetimos esse gesto. Cada um dos meus amigos é o melhor de todos porque carrega consigo a generosidade de me ensinar e a humildade de aprender comigo o pouco que eu possa ensinar. E como temos crescido juntos nessas trocas! Descobri finalmente que existem milhares de formas de amar e que cada amor é único, intransferível, inviolável, inabalável e é assim que os amo, de muitos jeitos, embora ainda só exista uma forma de dizer “amigo, amo você!”... E eu digo... Amo você!

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